Escrevi um comentário tão cheio de “teorias da conspiração” num post do blog do PodQuest que resolvi compartilhar esse comentário por aqui também. Apenas fiz algumas adaptações para quem quiser ler este comentário sem precisar ler todos os outros daquele post.
Bem, este post expressa minha opinião em relação à Acigames, motivada pela entrevista que o seu presidente, Moacyr Alves, deu no programa Checkpoint. Resumindo a história, o Sr. Moacyr acredita que serviços de distribuição de jogos como o Steam batem de frente com as lojas físicas de games, e por isso deve ser regulamentado. Em outras palavras, pagar impostos, o que resulta num aumento de preços dos jogos.
Bem, para quem quiser o programa com a entrevista, aqui está o vídeo. Pule para o minuto 12:30 para ir direto para a entrevista do Moacyr.
Bem, agora vem minha opinião sobre essa história de Jogo Justo, Acigames e "regularização" do Steam
Eu sempre admirei e ao mesmo tempo sempre fiquei com um pé atrás quanto às atitudes do Sr. Moacyr e todo esse investimento em uma associação como a Acigames. Mas depois desta entrevista, ficou claro qual o objetivo deles: defender os lojistas de games no Brasil.
Vejam só, o objetivo principal deles sempre foi reduzir os impostos sobre jogos vendidos no Brasil. Nem mais nem menos. Com uma redução nos impostos, é lógico que os preços dos jogos podem ser reduzidos e, consequentemente, as vendas dos lojistas seriam maiores. O único detalhe é que, ao invés de fazer propaganda de que a associação defende os lojistas, a Acigames faz propaganda dizendo que é em favor da comunidade gamer.
E o que a Acigames ganha ao falar que está em defesa da comunidade gamer? Propaganda gratuita. A quantidade de reportagens sobre Acigames, Moacyr Alves e Jogo Justo foi imensa, numa quantidade que seria extremamente custosa para os lojistas. Se eles falassem que estão em defesa dos lojistas de games, não teriam este sucesso.
Até certo ponto, a Acigames está sendo clara em suas ações. Ao reduzir os impostos para os lojistas, os jogadores que compram apenas em lojas físicas brasileiras realmente estarão sendo beneficiados. Até este ponto, uma boa intenção. Mas o que para mim não estava claro e que agora ficou é justamente a defesa aos lojistas brasileiros.
A maior prova dessa "teoria da conspiração" é o número de lojistas que participaram da campanha de jogos a preços baixos "Eu to legal": 51 lojistas. A lista está no próprio site da Acigames. Com certeza eles apresentaram bons argumentos para convencer 51 lojistas a darem descontos relevantes em diversos jogos, e eu acredito que foi este argumento que exponho. E dos mais de 100 associados que dizem que a Acigames tem, não duvido que 51 deles sejam estes lojistas.
Regularizar as lojas digitais (Steam, Origin, GOG, etc) no Brasil com certeza vai colocar elas no mesmo nível dos lojistas brasileiros, pagando os mesmos impostos que as lojas físicas. E isso vem a calhar para os lojistas brasileiros já que, ao menos na questão tributária, eles estariam de igual para igual com as lojas digitais.
Alguém realmente acredita que regularizar o mercado de jogos vendidos digitalmente não vai incluir a cobrança de impostos sobre os mesmos? Com exceção de algumas entidades (igrejas e ongs, principalmente), qualquer empresa que faça negócios no Brasil paga muito mais impostos que os 6,38% de IOF que se paga nas lojas digitais do exterior. Não sou técnico tributário, mas acredito que vendedores de jogos nacionais paguem ao menos 17% a 19% só de ICMS, dependendo do estado (se alguém souber exatamente quais impostos um lojista brasileiro de games paga, confirme/complete/corrija esta informação). Se não me engano, foi Benjamin Franklin quem disse que “na vida, só existem duas coisas certas: os impostos e a morte”, então porque acreditar que o Steam e outras lojas digitais regularizadas no Brasil vão escapar dos impostos?
Os únicos interessados em discutir/regularizar o Steam no Brasil são os próprios lojistas. Sou usuário do Steam, e considero-o um ótimo serviço. Quando eu compro meus jogos no Steam, eu assumo o risco de ter problemas com ele e não poder recorrer ao Código de Defesa do Consumidor, e ainda assim estou muito feliz com isso. Todas as pessoas que eu conheço que fazem uso do Steam estão igualmente satisfeitas. Ou seja, não acredito que sejam os jogadores os interessados nessa discussão. Os lojistas sim tem este interesse, pois a cada pessoa que compra no Steam acaba sendo um cliente a menos destes lojistas. E como o próprio Moacyr Alves disse na entrevista aos 17:20, lojas como o Steam “batem de frente com os lojistas”. Agora faz sentido o vice-presidente da Acigames ser o sócio/fundador da UZ Games.
Resumindo a história, deixei de ver o Moacyr Alves e a Acigames como uma defensora da comunidade gamer, mas sim como uma defensora dos lojistas brasileiros de games. E com essa mudança de perspectiva, deixo de ver ela como uma entidade que tem os mesmos interesses que eu.
Bem, este foi o comentário que eu queria compartilhar por aqui. Para quem quiser saber um pouco mais sobre toda essa polêmica, aqui vão alguns links:
- Daniel Fraga: A farsa do Jogo Justo
- Kotaku BR: O novo alvo do Jogo Justo é o… Steam?
- Gamesfoda: Acigames, Distribuição Digital e a nossa opinião sobre essa zona toda
- ACIGAMES: Carta Aberta
Deixem seus comentários, e até a próxima.