sábado, 18 de dezembro de 2010

Preso no aeroporto

Alou,

Sumi mesmo nos últimos dias. Com acesso à internet precário, não tinha muito o que ser feito. Mas já estou em casa novamente. Conforme meu último post, eu estava pronto para ir para París quando os eventos deste post aconteceram. No próximo post eu falo de París.

Tudo começou quando, um dia antes de viajarmos, recebemos da universidade o dinheiro pelas diárias que passamos lá. Recebemos em rúpias, e era muito dinheiro pra gastar em 1 dia. O jeito era trocar por euros.

Chegamos ao aeroporto de Delhi. Muito bonito o lugar, um aeroporto grande e vistoso. Me perguntei porque guardas fortemente armados em cada uma das entradas, deixando entrar apenas quem tem alguma passagem. Apesar de estranho, seguimos à diante.

No guichê da AirFrance, fomos informados que o voo estava cancelado. Ao menos, nos moveram para um dos (se não for o mais) luxuoso hotel de Nova Delhi. Apesar de perdermos um dos dias planejados para visitar Paris (teriamos dois dias sem o cancelamento), até que não estava tão ruim, pois passariamos uma boa noite de sono num lugar dos mais chiques.

Aí começou a desandar a maionese. Antes de sair do aeroporto, fomos tentar trocar o nosso dinheiro de volta para rúpias. Nos guichês de troca, recusaram, pois eles limitam em um valor muuito baixo para troca sem comprovação de origem do dinheiro (algo em torno de 400 reais). Como iriamos passar mais um dia em Nova Delhi, ao menos pegariamos um recibo na faculdade.

Dia seguinte, fomos até a universidade, pegamos o recibo ainda pela manhã, e corremos pro aeroporto trocar o dinheiro. Assim, teriamos o dia inteiro pra resolver quaisquer outros problemas que surgissem. Chegando no aeroporto, os guardinhas voltaram a implicar com a gente. Dissemos que só queriamos informações sobre o voo, mostramos as passagens e tudo o mais. Até que, depois de muita conversa, entramos.

Trocamos o dinheiro, mas não foi trivial. As casas de câmbio não aceitavam o nosso recibo porque não foi emitido por um banco. Depois de muito insistir, conversar e blá-blá-blá, o rapaz do câmbio revelou pra gente que poderiamos trocar aos pouquinhos, em casas de câmbio diferentes no aeroporto. Assim o fizemos (mas afinal, porque o sistema deles não é integrado???)

Problema de dinheiro resolvido, era só voltar para o hotel, tomar um banho, pegar nossas malas, notebooks e tudo o mais, e voltar para o aeroporto. Detalhe: precisavamos sair do aeroporto! Os guardinhas de que falei só autorizam as pessoas entrarem no aeroporto, não a sairem. A solução era que um funcionário da AirFrance autorizado tirasse a gente do aeroporto, mas o guichê da empresa só iria abrir às 18h (eram 11:30 nesse momento). Outra solução seria sair voando (de avião, porque se fossemos como o Super Homem, seriamos abatidos).

O Renato e eu ficamos duas horas desesperados dentro do aeroporto, tentando convencer as pessoas, guardas e tudo o mais de que precisavamos sair e pegar nossas coisas. Já nos sentiamos presos quando finalmente encontramos o gerente de voos do aeroporto. Esse foi o único cara que entendeu nosso problema e querer ajudar. Ele falou com a segurança, e depois de muuito mais conversa (uns 15 minutos, pelo menos), conseguiu liberar a gente para sair do aeroporto.

À noite, conseguimos finalmente sair do país, mas o stress que passamos foi algo pela qual nunca passei na vida, nem desejo que alguém passe. Depois dessa, prometi que não volto mais à Índia. E me cobrem caso algum dia eu mude de idéia (dúvido que isso irá acontecer).

No próximo post, falarei do meu dia em París.

Um comentário:

Renato disse...

Pois é. Ficamos indo de portão a portão implorando pra sair, apenas pra pegar nossas bagagens e voltar. Eles podiam ir conosco, pra ver que não estávamos mentindo. O problema é que não há diálogo com os guardas. A gente explica o que acontece, eles dizem que é impossível deixar a gente sair e voltam a trabalhar. Não dão a mínima pra nós. Fomos umas 2 vezes em cada portão e em todos não tinha nem diálogo. A resposta era clara: "Não vão sair, azar de vocês. Entram aqui já era. Só embarcando". Nem os responsáveis pela segurança nos ajudaram! Eles só diziam: "Sorry, you can't leave". Só o diretor da central de informações deles que nos ouviu e deixou a gente explicar. E depois dele transferir pro chefe de segurança, e depois de muiiiita negociação entre eles com os guardas, conseguimos sair. Foi realmente um estresse horrível. Tudo isso devido às diárias. Só queríamos ir no aeroporto pela manhã, adiantar as coisas pra não perder tempo durante o embarque, à noite. NUNCA MAIS irei a Índia. NUNCA MAIS.